terça-feira, 19 de junho de 2012

Do homo faber ao homo lutens.



Gostei muito do Sachs dizer que estamos passando, sem perceber, para uma nova era geológica, o Antropoceno. Uma era em que as atividades do homem exercem muita influência no planeta. Os tais impactos ambientais.
Ele indica a criação de um Fundo internacional para investir na humanidade, reduzindo as desigualdades materiais. Não devemos ceder à ilusão de que os mercados, por si mesmos, sabem melhor. Ao contrário, são míopes e socialmente insensíveis.     
Sugere práticas para vivermos no antropoceno:  Os países da ONU deveriam elaborar planos nacionais de desenvolvimento socialmente includente e ambientalmente sustentável, usando conceitos e metodologia comparáveis, tais como a pegada ecológica e a biocapacidade, por um lado; e oportunidades de trabalho decente, por outro, o que inclui emprego e autoemprego.
Os planos deveriam abranger um horizonte temporal de 20 anos, com detalhamento maior para cada 5 anos. Planejamento participativo que acaba se reequilibrando e corrigindo possíveis erros. A etapa seguinte consistiria na harmonização destes planos nacionais e culminando na elaboração de um eventual plano mundial, com a coordenação assumida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); é claro, se ele continuar existindo, ou por outro organismo criado na Rio +20.
Ainda mais: as Nações Unidas deveriam criar um importante Fundo de Desenvolvimento Includente e Sustentável, constituído por  a) 1% do PIB dos países ricos, b) a taxa Tobin sobre aplicações financeiras; c) um imposto sobre o carbono emitido (com a dupla finalidade de incentivar a redução das emissões e o financiamento do desenvolvimento) e d) pedágios sobre ares e oceanos, cobrados pelo uso destes bens comuns da humanidade. Exemplo:  uma pequena sobretaxa sobre passagem de avião e fretes, da qual os aviões e os navios dos países menos desenvolvidos poderiam ser isentos. Há um ótimo argumento para esa proposta: hoje somos mais de 7 bilhões e seremos em meados deste século 9 bilhões. Os padrões de consumo e estrutura dos países do Norte não deram certo. Resta ao Sul: Brasil, India e África reinventar um mundo mais humano.
Ele que Frances, foi criado no Brasil depois dos 12 anos de idade e fez seu mestrado na India, conhece bem as desigualdades.
Todo ministro deveria andar a pé para pegar água na caatinga andando uns 2km carregando lata d´água e sobreviver com a renda dos pobres por um mês. Esse adendo foi meu. A sensibilidade para os problemas é necessária. Projeto Rondon neles! Rsrs Andar pelas favelas. Atender os ribeirinhos. Isso muda as pessoas na origem.
Mas voltando ao Sachs, gostei dizer que ao evoluirmos passaremos a ser mais “Lutens” ou ociosos, divagadores, bricalhoões, descontraídos. Eu, pessoalmente, estou  cheia de ser “Faber”, trabalhadora ativa, sem prazer, sem direção e acelerada.
Depois de todos terem seus direitos mínimos assegurados ai sim será o momento de estancar o crescimento. Da população, do consumo/capita, dos modismos. Aí, o crescimento deverá ser da solidariedade, da criatividade, da reciclagem, da emoção amorosa, enfim de tudo que não produza  entropia.
O que que isso tem a ver com Niterói? Não sei, mas mude de escala, misture as pessoas, converse muito e deve sair uma proposta adequada para esse mundo sem harmonia que vivemos aqui. Por que não temos nessa cidade de tanta gente educada um planejamento participativo? As maquetes expondo as idéias possíveis bem na estação das Barcas e no Terminal de ônibus para todos tomarem ciência e opinar? Só um exemplo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário